Moda consciente: o que muda no mercado fashion?

Um novo olhar sobre o consumo de moda.

Como você consome moda? Quais são as suas marcas preferidas? Estamos acostumados a procurar por descontos e a comprar em grandes quantidades, de forma que é raro refletirmos sobre o que compramos e porquê o fazemos. 

Nos últimos anos, a discussão em torno dos impactos sociais e ambientais negativos gerados pela indústria da moda vêm aumentando e, cada vez mais, torna-se necessário pensar em uma moda mais consciente.

Muita gente não sabe, mas apesar de ser graduada em comunicação eu sou apaixonada por moda, fiz vários cursos na área e uma das minhas formações é em Fashion Business (EnModa), cujo Trabalho de Conclusão de Curso foi justamente o planejamento de uma marca de slow fashion. 

Também escrevi um artigo sobre ativismo digital, publicado pela editora Atena no livro digital Moda, Identidade e Branding, em que analiso a #quemfezminhasroupas, do movimento Fashion Revolution. O resumo expandido foi apresentado no Fórum Fashion Revolution 2019, em São Paulo, e também publicado pelo mesmo em um e-book e, posteriormente, no blog do movimento.

Por isso, já estudei muito sobre moda consciente e gostaria de discutir um pouco sobre esse tema, além de indicar alguns livros que vão te ajudar a entender melhor o assunto. Vamos lá?

O que é moda e qual a sua importância?

Pra mim a moda é uma forma de expressão. É extremamente importante porque reflete quem somos e também quem queremos ser, assim como o contexto em que vivemos. 

Desde sempre as roupas são carregadas de significados. Segundo a Bíblia, por exemplo, que Adão e Eva se cobriram para esconder-se e cobrir suas diferenças. Antigamente, as roupas eram usadas como uma espécie de mecanismo de proteção, principalmente nas regiões mais frias. 

Hoje, as nossas roupas comunicam algo sobre nós, dizem quem somos e como queremos ser vistos na nossa sociedade. As marcas estão atreladas a status e focam em classes sociais específicas.

O conceito de moda consciente

Moda consciente é sobre pensar em um consumo mais consciente da moda. Engloba a preocupação desde a matéria-prima até o descarte do produto, envolvendo todas as etapas da produção. 

Enquanto o termo moda sustentável refere-se à preocupação com os meios de produção, de forma a reduzir os impactos ambientais, moda consciente diz respeito não apenas a empresas adotarem práticas sustentáveis, mas sim a uma consciência maior dos consumidores na hora da compra.

Isso significa que tanto os consumidores quanto as marcas precisam ter consciência acerca dos impactos da moda, na sociedade e no meio ambiente. Nós devemos consumir de maneira mais consciente, enquanto as empresas devem agir com mais transparência, ética e sustentabilidade.

Também é fazer sua própria roupa. É consumir roupas usadas e trocar produtos com outras pessoas. É usar as peças que você já possui, e, mais que isso, ressignificá-las. Antes de comprar qualquer produto, pergunte-se: eu realmente preciso disso?

Fast fashion x slow fashion

Quando pensamos em “fast”, estamos falando sobre um consumo rápido. Nos dias de hoje, com a correria, muitas vezes acabamos optando pela praticidade, seja na hora de nos alimentarmos ou mesmo quando compramos uma roupa.

Durante algum tempo, a produção de roupas em larga escala fez muito sucesso. É a chamada fast fashion. Começaram a ser produzidas muitas peças, grande parte das vezes em condições precárias e antiéticas, que eram vendidas a preços muito baixos. De certa forma isso foi bom, pois democratizou a moda, que ainda era bem elitista. Entretanto, não é um modelo nada sustentável.

O movimento slow, por sua vez, vem para questionar essa velocidade com a qual lidamos com as coisas. Ao falar em slow fashion, estamos prezando pela desaceleração na produção da moda. Há uma priorização da produção local, artesanal, com consciência socioambiental. A produção é, portanto, em menor escala.

Qual o papel dos consumidores? 

Como consumidores, devemos exigir que as marcas adotem boas práticas. E não só as marcas de moda. Consumidores conscientes preocupam-se com tudo o que estão consumindo, desde roupas a comida. 

Nos dias de hoje, a internet e as redes sociais possibilitaram transformações imensas na comunicação. Nós, cidadãos, podemos nos apropriar dos meios digitais para promover causas importantes para nós. É sobre isso que eu falo no meu artigo.

A responsabilidade, entretanto, não deve ser dos consumidores. São as marcas que devem agir, principalmente se pensarmos que vivemos em um país em desenvolvimento em que fala-se muito pouco sobre sustentabilidade e muitas pessoas mal sabem como tudo isso funciona.

O que diversidade tem a ver com moda consciente?

Não podemos falar de moda consciente sem falar em diversidade. Afinal, uma moda elitizada não é consciente. Hoje em dia, é extremamente importante pensar em representatividade, tanto na comunicação quanto nas próprias equipes que trabalham para a empresa. 

Pessoas negras, LGBT, gordas, deficientes… todos devem ser incluídos. É inaceitável que a moda continue vendendo um padrão estético ideal, que venera corpos magros e, muitas vezes, brancos.

Como a pandemia afetou o consumo do mercado da moda?

Os grandes eventos de moda foram cancelados e muita coisa que antes era acessível para poucos agora é disponibilizada online. Há uma valorização maior do local em comparação ao global, isso em todos os nichos.

E, é claro, as vendas foram impactadas. Com o covid-19, muitas pessoas tiveram suas fontes de renda reduzidas e precisaram cortar gastos. Todo o mercado de moda foi afetado.

Indicações de leituras complementares

Por fim, gostaria de recomendar cinco obras excelentes para quem quer aprender mais sobre moda consciente e conhecer as diferentes visões de profissionais que trabalham na área.

Moda com propósito – André Carvalhal

O livro traz uma análise pra lá de atual do mercado e o do consumo da moda, apresentando o conceito de moda com propósito. Carvalhal fala sobre a importância da sustentabilidade, aliada a um comércio justo e consciência cultural/social.

Use a moda a seu favor – Carla Lemos

Com uma linguagem simples e próxima da gente, Carla nos ensina como deixar de ver a moda como opressão e sim como uma forma de libertação dos padrões da nossa sociedade, repensando nossa relação com as roupas que vestimos com mais consciência.

Moda e sustentabilidade – Lilyan Berlim

A pesquisadora traz uma reflexão embasada sobre a moda e a sustentabilidade, com dados e contextos que exemplificam as questões ligadas ao consumo e a produção da moda.

Consumo de Ativismo – Ana Paula de Miranda e Izabela Domingues

Para além do ativismo digital, as duas autoras abordam o conceito de consumo como forma de ativismo em que é possível apoiar causas por meio da moda. Infelizmente, muitas marcas se apropriam de tais discursos.

Eco Chic – Matilda Lee

Em poucas páginas, aprendemos a adotar um estilo de vida mais sustentável e conectado com a natureza mudando simples hábitos que estão presentes no nosso dia a dia.


E aí, entendeu como o mercado fashion vem se transformando?

Para aprofundar melhor no assunto, confira o terceiro episódio do podcast Queda Livre, em que eu participo de uma discussão sobre moda consciente!

Escute, também, minha entrevista sobre moda sustentável para o Fio a Fio!

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Amanda Pereira Santos
Publicitária, escritora, professora, consultora, palestrante, especialista em Influência Digital: Conteúdo e Estratégia, especialista em Marketing, Branding e Experiência Digital, com MBA em Comunicação e Eventos, MBA em Marketing Estratégico e Mestrado de título próprio em Comunicação Empresarial e Corporativa. Como docente, já ensinou Branded Content: Marketing de Conteúdo, Redação Publicitária, Marketing Digital para escritores e Estratégia de Design de Negócios.
Artigos: 42

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