Este conto policial foi escrito para o projeto Em um mês, um conto.
A antologia completa, As Faces do Crime, pode ser adquirida como livro físico e também em formato de e-book.
Aproveite a leitura!
A antologia completa, As Faces do Crime, poderá ser adquirida como livro físico e também em formato de e-book a partir de maio.
Aproveite a leitura!
— Você e o Diego podem ir até a casa deles antes de avisarmos o Antônio? Ele provavelmente vai demorar a sair e sabemos como os dois são próximos.
— Sozinhos? Nem fodendo.
— Por favor, Marquinhos. Eu iria com vocês, mas aí não teremos ninguém para cuidar da delegacia. E, sinceramente, acho que tem algo de errado nessa história.
— Errado? Mais errado do que assassinar a esposa do prefeito?
— Não se faça de sonso… Todo mundo sabe que eles nunca desgrudavam. E agora ela foi assassinada dentro de casa? Ele não mencionou nenhum invasor, só queria falar logo com o Antônio. E se ele quiser encobrir alguma coisa? Sei lá, eles estudaram juntos e tudo mais.
— Porra, Carla, nem pensei nisso. Você tem certeza?
— Certeza não tenho, né, por isso estou pedindo pra vocês darem uma olhada lá antes do nosso chefe. Eu sei que é horrível dizer isso, mas você sabe bem que a morte de uma mulher muitas vezes é responsabilidade de quem tá mais perto dela. E, cá entre nós, ninguém sabe o que acontece entre quatro paredes.
— Ok, ok. Estamos indo. Faz assim: te ligo de novo quando a gente chegar lá e aí você liga pro Antônio. Se ele perguntar como chegamos antes eu digo que estava passando por perto. Entendeu?
— Sim, entendi… Valeu por confiar em mim.
— Tá bom, garota, pode parar com a melação. E você sabe muito bem que não importa o que a gente encontre ou pense, não podemos investigar nada. Isso é trabalho do pessoal da Civil.
— Eu sei.
Mal havia terminado de responder quando ele desligou. Inquieta, não tirou os olhos do celular. Os segundos passavam lentamente. O único som que ela escutava era o de seu coração, que parecia bater mais rápido do que nunca.
Exatos 10 minutos depois de ter desligado o aparelho, a tela brilhou. Era Marquinhos.
— É, acho que você tem um pouco de razão. Não encontramos nenhum sinal de arrombamento por aqui e o silêncio chega a ser infernal. Sério, se a minha esposa fosse assassinada eu não tenho dúvidas de que estaria aos berros.
— Pois é, eu percebi por telefone que o comportamento dele estava diferente, inclusive nem identifiquei a voz. Vocês vão entrar?
— Estamos entrando agora, pode avisar o Antônio.
— Tá bem, tomem cuidado.
— Não precisa nem pedir.
Os dois pularam a cerca da casa do prefeito e foram em direção à construção sem fazer barulho, caminhando pelo gramado. O ideal seria tocar a campainha, claro, mas não sabiam se o homem estava com sua saúde mental em dia. E, além do mais, eles sabiam que Antônio saía para caçar com o amigo, o que significava que ele possuía uma ou mais armas.
À frente, avistaram apenas uma luz acesa na residência. Vinha da enorme janela da sala, que por descuido estava completamente aberta. Vagarosamente, aproximaram-se o máximo que podiam sem que fossem vistos.
Cada um segurava sua arma com tanta força que podiam sentir uma dormência. Lá dentro, para lá e para cá, Paulo cruzava o espaço a passos largos, sem saber que estava sendo observado de longe pela dupla.
Em sua mão esquerda, empunhava uma taça com um vinho tinto que mais parecia sangue. Com a direita, pegou o celular do bolso e, quando foi finalmente atendido, começou a vociferar. Não conseguiam ouvir exatamente o que estava dizendo, mas o ódio que expressava era perceptível.
— Acho melhor dar o fora daqui, mano.
Quem falou foi Diego, sussurrando.
— Tá maluco? Nem pensar, cara, a gente é a polícia. Entendeu?
— Eu sei, eu sei… Mas podemos esperar o Antônio chegar. Ou qualquer coisa. Isso aqui tá muito errado, Marquinhos.
— E é por isso mesmo que a gente precisa ficar.
— Certeza?
— Absoluta. Você sempre foi medroso, esqueceu?
— É diferente. Nunca encaramos um assassinato…
— Vai dar tudo certo.
— Promete?
— Que história é essa? Prometer eu não prometo nada. Temos que fazer o que fomos treinados pra fazer. Agora fica quieto antes que ele escute alguma coisa.
Mas os dois sabiam que Paulo não escutaria nada. O silêncio que antes predominava o espaço deu lugar a berros que eram indecifráveis, mas impossíveis de não serem escutados por quem estava por perto.
Gostei muito da parte do Paulo segurando o vinho, que mais se parecia com sangue. Imaginei a cena direitinho! Ainda não consegui nem ter ideia de como vai ser o desfecho desse crime, estou muito curiosa. Aguardo a terceira parte!
Que legal, Bella, muito obrigada pelo comentário! Acredito que você vai gostar bastante do final.
Eita, q q tá acontecendo aqui? Rsrsrs.
Muito boa sua segunda parte, parando no ápice do grito. De fato, entre quatro paredes ninguém sabe oq acontece, mas estes investigadores terão q descobrir muita coisa na próxima semana. GOstei que a pegada é diferente da primeira semana, com mais diálogos e mais devagar. E os diálogos ficaram ótimos (apesar de ter achado os investigadores meio bundões… Mas é mulher do prefeito, vai saber).
Parabéns, adorei.
Muito obrigada pelo feedback, fico extremamente feliz em saber que um autor mais experiente gostou do meu trabalho! Confesso que estava um pouco insegura com os diálogos, mas as dicas da Paloma foram super úteis.
Nossa, eu amei a frase final! Gostei muito dos diálogos e mal posso esperar para saber o desfecho dessa história!
Muito obrigada por comentar, Paloma, usei justamente as suas dicas ao escrever os diálogos. Inclusive, li seu livro esse mês e adorei a história da Tina e do Danilo, parabéns pelo trabalho!
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